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segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Richard Wagner - Uma transcendência

Sem entender muito como existem pessoas capazes de pagar cerca de R$ 300,00 para as mesmas atrações duas ou três vezes ao ano, que sempre tocam as mesmas músicas e com o mesmo ritmo, resolvi abrir espaço para protestar!

Não que eu tenha algo pessoal contra aqueles que gostam desse tipo de musica, mas é um comportamento que denota no mínimo falta de massa encefálica. Bom, não é essa a questão que interessa.

A verdadeira Apostasia é terem usado a música divina de um gênio, na propaganda deste tipo de evento. Num refugar de tambores, ao ressoar os portentosos acordes de 'A Cavalgada das Valquírias', de Wagner, foi anunciado um festival de Axé!

Antes que blasfemem e anunciem a shows de Tecnobrega com o 'Tristão e Isolda', cabe a esse blog dar ao gênio alemão o verdadeiro reconhecimento à sua magnificência.

Talvez tão importante na história da música quanto Bach, Wagner é Fantástico. Suas óperas são uma maravilha de drama em música, culminando claramente no magnífico 'Tristão e Isolda' e no monumental e incomensurável 'O Anel do Nibelungo', sem esquecer, claro, do belíssimo 'Parsifal' - inspirado no Cálice Sagrado, O Santo Graal.

A criação dos ambientes musicais é uma especialidade do compositor alemão, como em 'Tannhauser', uma metáfora em forma de ópera.

Melhor compositor de ópera todos os tempos , melhor que Mozart, Verdi, Beethoven etc. Com todos os defeitos pessoais, Wagner nos deixou um obra muito mais importante que todos os compositores somados e elevados ao quadrado.

Tão humano quanto os grandes gênios (BMB), não foi um prodígio, não ficou surdo, sua vida não foi um sucessão de desilusões amorosas. Certo que ele tinha traços bons e ruis! Todos nós temos! Mozart não foi um santo, muito mesmo Bach, nem mesmo Beethoven.

O grande problema é que Wagner foi apropriado indevidamente como ferramenta da propaganda nazista (bom gosto musical, pelo menos!). Mas o fato da música de Richard Wagner ter sido apropriada como ferramenta nazista teve seus fundamentos.

A própria filosofia de Wagner tinha caráter anti-semita. Claro que ele nunca imaginou que um dia suas atitudes anti-semitas chegariam ao extremo. Anti-semita, mau caráter, tudo isso, mas gênio absoluto.

A obra redime o homem e Wagner fez algo em que era realmente bom: Óperas. A ideologia de um compositor/intérprete não importa muito de ele não for competente, e isso Wagner era muito!

Há um livro muito interessante sobre o assunto: 'Wagner e Nietzsche e a filosofia do pessimismo'. É importante salientar que Wagner não era nazista ou proto-nazista. Muito menos Nietzsche. E só!

Voltando a falar de música, Wagner foi o mais romântico de todos os compositores, suas óperas revelam isso, tanto na forma de expressão quanto no enredo. Na temática das óperas vemos esse romantismo.

Wagner implodiu o sistema tonal exatamente para conseguir uma maior gama de expressões. Richard Wagner libertou a música, ela não não precisa de adequar ao sistema tonal, o sistema tonal que tem de se adequar a ela.

Wagner deveria ser lembrado sempre como o maior de todos os compositores, não pelo papel que exerceu, mas pela qualidade de sua obra. E não ser lembrado em uma abertura de um festival de axé.

Para quem não conhece, um conselho: ouça Wagner, e não deixe se assustar pelo tamanho de suas obras, a música é ainda maior.

2 comentários:

  1. Muito bom texto. Vc falou com a propriedade de quem realmente conhece ópera. Vc estuda Música? Adoro Wagner, acho-o Orgástico (com o perdão da palavra), mas, é única definição que tenho pra ele...

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  2. Como wagneriano gratificado pelo texto, formulo um convite a visitar o meu blog:http://dialogoscombeethovenewagner.blogspot.com/. Realmente, a música é maior que o homem, o dramaturgo maior que o homem, e ele não precisava do azar de Hitler gostar de sua música.

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