Flerto com as palavras, tal qual a borboleta flerta com as flores. Gosto do jeito como cada palavra se beija, formando sons que insistem em fazer meus sentimentos e sensações dançarem juntos, num baile tão estranho quanto os pedaços de história que se eternizam em papel e tinta.
... Em papel-tinta-monitor-teclado-cabeça-pensamento.
As palavras, quando escritas, servem para perpetuar meus momentos. Elas se abrem em flores, para as já comentadas borboletas. E da combinação de algumas letras, eu vou fazendo uma história; vou fazendo uma vida.
As palavras são o que tenho de mais parecido com aqueles olhos que tenho por dentro, e que me vêem sofrer quanto tento, sofregamente, por na tela fria de meu computador tudo aquilo que eu penso; tudo aquilo que eu quero; tudo aquilo que eu sou.
A Clarice que o diga... Dizer o indizível; traduzir uma festa de emoções, sensações e percepções em palavras.
Ah, a Clarice...
Eu, com as palavras, descrevo gestos e atitudes. Essas me fazem perder o fôlego, tatear e esquecer-se do instante anterior.
É como um querer louco, que me inebria os sentidos, desafiando minha razão. É como um encontro, uma ansiedade esperada, uma explosão de emoções. É a palavra, farfalhando textos, sensações e sentimentos.
Ela adentra meu olhar curioso, saliva em minha boca, e consegue, por um instante, tocar o meu sentido – com meus próprios dedos.
O que eu escrevo me é, sempre, comestível. Cada palavra me é sorvida como um bálsamo; banhado pela luz difusa do fim de tarde, que insiste em invadir minhas mãos e pensamentos.
Sem pedir licença, igualzinho você, leitor.