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quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Mágica no absurdo

Não é segredo de ninguém que eu não simpatizo o estilo musical forró. O que não quer dizer que o deteste de todo, pois sempre há o que se aproveitar em (quase) qualquer coisa.

Na verdade, sinto-me confortável com a idéia de pertencer a uma elite, a um grupo restrito, ao contrário de intelectuais estrebuchantes pseudo-revoltados que adoram escarrar o bordão "morte aos forrozeiros", numa demonstração intolerante de quem se acha proprietário da verdade absoluta, e que almeja o dia em que todos pensem e ajam exatamente como eles.

Particularmente, não tenho motivos para odiar os forrozeiros, ou todos aqueles que apreciem "arte ruim". Primeiro, se eu for odiar todos os que gostam de "arte ruim", dos forrozeiros, pagodeiros aos noveleiros, não farei outra coisa na vida, tão numerosos eles são. Segundo, eles nunca me proibiram de escutar o que eu quero.Terceiro, sim, meus caros, eu confesso. Sei que alguns hão de me repreender, me censurar... Pois sim, confesso: fui à um show de FORRÓ.

Por que diabos estou falando tudo isso afinal? Chegamos então ao principal: no final de semana passado - aqui em São Luís, rolou um evento com umas bandas de forró (não direi quais, pois não pretendo fazer merchandise à ninguém).

Todos sabem que gosto de outros estilos de música. Mas o que faz o evento ser digno de nota foi uma revelação que já vinha se ensinuando nas malhas do cotidiano e que, finalmente, resolveu aparecer as claras: Estou disposto à gostar deste estilo musical.

Adorei o show, pelo fato de desfazer o principal mito que envolve o forró: o de que as letras são vazadas e repetitivas, onde apenas as pessoas dotadas de pouca massa encefálica produzem e consomem; o show mostrou-me que essa realidade pertence, definitivamente, ao passado.

As variações de estilo e tendência das bandas de forró trazem novos tons de voz e novas possibilidades líricas e musicas para a cultura musical brasileira.

Nunca simpatizei com a idéia de falar bem deste estilo musical, ainda mais que fui apenas a um show, mas creio que não faz mal falar sobre algo que me proporcionou um leque infindável de possibilidades artísticas.

A abertura foi grandiosa, tive à minha disposição toda a gama artistica antes desconhecida por mim, por isso às explorei o tanto quanto pude. E, embalado no belíssimo das melodias do forró, recebendo o doce carinho de minha namorada, Elisa, puxei-a para dançar, ao sabor de um delicioso refrigerante - sim, eu não bebo mais - e da música, arrebatado por um novo devaneio. Certa vez, Lobão disse que "nem sempre se vê mágica no absurdo". Parafraseando outro brasileiro ilustre, eu posso dizer que, sim "meninos, eu vi".