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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Pela globalização: a morte do Natal e o capitalismo selvagem

Apesar de ser um titulo assaz revoltado e extremista, não poderia deixar de falar a realidade: o Natal está morto, e o selvagem capitalismo pulsa na veia humana.

O homem matou o Natal quando deu vez a essa decadência desenfreada, rumo à capitalização e marketização desse dia, 25 de dezembro.

O que acontece é que existe um sistema, mais velho, que anda para trás. Já chegaram a chamar isso de “Lei do Mais Forte”, Progresso, Industrialização, Capitalismo; hoje em dia é moda chamar de Globalização.

Não existe mais o Natal. A ordem agora é participar/comemorar o estabelecimento de uma mega-cultura homogênea mundial, em que todos falam a mesma língua, ouvem as mesmas músicas, os mesmos filmes, as mesmas comidas.

É fato que ainda se tem uma ou outra mensagem de Natal, desejando felicidades e coisas boas para o novo ano. Porém tudo isso é tão... Descartável.

Sim. Admito que possa ser uma visão um pouco negra, mas não consigo evitá-la. Posto que fato também seja que, cada vez mais, o real significado do Natal esteja desaparecendo.

E falo desaparecendo como que para tentar esconder a morte natalina já esquecida, pois as lojas ainda estão abertas, e se você parar para refletir sobre isso, não chegará a tempo de fazer as compras, não é mesmo?

Que absurdo é esse, Yuri? De onde tirou essa que o Natal está morto, perguntarão alguns.

Simples. A morte do Natal começou quando primeiro mataram as crianças inocentes e fantasiosas. Hoje em dia, é raro encontrar uma criança de sete anos que já não tenha a malícia suficiente para saber que Papai Noel não existe, e que o Rudolph e os gnomos ajudantes são só uma continuação dessa mentira.

Já não conto mais nos dedos as várias vezes em que presenciei pais ensinando aos filhos que Papai Noel veio do Pólo Norte e tem um trenó; ignorando a verdadeira celebração do dia: o nascimento do menino Jesus.

Com o avançar da idade, os pequenos enganados descobrem que Papai Noel não existe - talvez contado por algum primo ou coleguinha – e, com isso, não fica nenhuma imagem de Cristo.

Ou você recebeu algum cartão que, no meio de tanto desejo de felicidades, fale do nome Dele?

Poucos ainda se lembram do nascimento do redentor.

Neste país, e em alguns lugares do mundo, a moral é esta: Natal, dia de presentes e da ceia. E isso me faz lembrar que nem a ceia o povo sabe o significado. Lastimável!

Para corroborar com o problema, e justificar a verdade deste post, as lojas, mercados e indústrias se aproveitam da data para vender, vender e vender. Vendem árvores, penduricalhos, comida para a ceia e, principalmente, os presentes.

É isso mesmo, leitor! Como esquecer os presentes? Afinal, na cabeça das pessoas, o que seria o Natal sem presentes?

E é em maior razão disto, que, aqui, hoje, 24 de dezembro, faço minha crítica a esse pensamento capitalista, e ao homem, pela morte do Natal.

Relembro que, celebrar o Natal não se resume a presentes ou fartas ceias. Peço que, por favor, você repense sobre o significado autêntico do Natal.

E, se, ainda assim, insistir a lembrança dos tais presentes, ao menos compreenda que o dia que se avizinha deve nos remeter a recordar, na fé e na reflexão, de que, nessa data, em seu infinito amor, Deus nos deu o maior de todos os presentes: o seu filho, Jesus Cristo.

No mais, um bom Natal pra você! - ou pelo menos o que dele restar.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Pela necessidade do outro: Fazes-me falta, de Inês Pedrosa

De Nietzsche a Gabriel Garcia Marquez, o amor tem sido um assunto que, por mais discutido, ainda permeia de dúvidas os seres humanos.Um assunto esmiuçado até a exaustão, em todas as suas vertentes; desde denominações gregas - philia, Eros, storgé, ágape - até a peculiar frase de Inês Pedrosa: "O amor é coisa séria demais para ficar na mão de amantes", no belíssimo livro merecedor deste post: Fazes-me falta.

Fazes-me falta é daquele tipo de livro que - assim como O Amor nos Tempos do Cólera, covardemente lido - materializa as conversas que eu tive com ela, a história que eu vivi com ela, as discussões que tivemos e a milagrosa identidade.

Livro violentamente belo, cada mísera palavra escrita ali é de uma beleza sem precedentes.

É difícil falar de Fazes-me falta sem ter vontade de chorar. Um livro longe do lugar comum. Denso. De uma verdade doída.

De todos os tipos de amor que conhecemos, Inês Pedrosa divaga a respeito de uma amizade-amor que luta para não cair no esquecimento, para não morrer, para não ser corrompida, para não se tornar mais um amor banal.

É a história de um homem e de uma mulher unidos por um sentimento que está no limiar da amizade, mas, quando ela morre, muitas coisas ainda precisavam ser ditas - e são - através de um diálogo maravilhosamente planejado pela autora.

O livro é lindo!

Cada página tem uma declaração mais apaixonada de um casal que só reconhece que o que sentiam era amor no instante mais inconveniente de todos, quando um deles já se encontra morto.

Fazes-me falta não é um livro que nos faz sentir a ansiedade de chegar ao fim. Não é um livro de soluções ou de resultados. É um livro para se ler. Um livro para se beber sentimentos.

A obra fala de um amor que - mesmo sendo recalcado e escondido no mais profundo que há em nós - em longo prazo, provoca danos irreparáveis.

A história em si, não é das mais sedutoras, mas a forma como esta escrita, num sentido quase poético, envolve-nos e é como se nos sentíssemos abraçados pelas palavras.

Estas são escritas e encaixadas em um contexto maior, e não como um frango sendo aberto e desossado, quebrado em fragmentos, sem um sentido linear.

Uma frase que li numa das suas páginas, intrigou-me profundamente: “... Como consigo matar a tua morte?..."

Ao tratar o amor, Inês Pedrosa nos presenteia com um romance de grande intensidade poética – e humana, mesmo que imortal. Cada palavra exprime da melhor maneira aquilo que sentimos todos os dias.

Palavras cheias de razão. Cheias de verdade. Cheias de honestidade. Onde, no fim fica a decepção: o quê? Já acabou?!

Ao longo das paginas é nos dado a conhecer o sofrimento e a revolta que a doença provoca. O querer morrer e não ter forças para lutar contra isso.

A personagem (que nunca sabemos qual é o seu nome) tem de ir ao passado tentar encontrar em que parte da vida se perdeu de si mesma, em que parte perdeu o amor próprio e acima de tudo vai ter de aprender a amar-se de novo.

Aconselho este livro. É forte. Abana por dentro.

Eu pelo menos me revi em tantas situações descritas e aproveitei para lavar a alma!

Ao mesmo tempo em que todo o texto é angustiante, também é lírico, realista, de uma compreensão incrível dos relacionamentos.

Livro de impecável escrita, envolvimento certeiro. Leia-o ou te fará falta.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O amor nos tempos do cólera

Quem nunca escreveu cartas de amor que acabaram nunca sendo enviadas?

Quem nunca sentiu o aperto de ser fria e obstinadamente ignorado justamente pela pessoa por quem vertemos nosso encantamento?

Não sou um cara romântico – aviso logo, mas como me interesso pelo amor e, principalmente, por histórias de amor, não pude evitar o envolvimento quando li a provavelmente mais bela história de amor já contada.

Eu que já estou embevecido pela experiência de estar sendo arrastado pelo desejo do amor pra sempre, forte como o cólera; do amor que não pode dar certo, mas que sobrevive; um amor que vai além das formas, da moral deteriorada e dos paradigmas; senti-me completamente destruído.

Se existe o amor, e este faz algum sentido, certamente está na obra intemporal do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, O Amor nos Tempos do Cólera.

A obra trata-se de uma bela e quase impossível história de amor profundo. Amor pelo amor, e da vida em nome do amor. É uma história tão impressionante que me enredou desde a primeira página, mal pude me erguer do sofá enquanto lia.

A história é uma verdadeira epopéia sobre as relações humanas: feias e bonitas, brutas e delicadas, enaltecedoras e humilhantes. Ter lido O Amor nos Tempos do Cólera foi como uma obrigação sentimental.

Tudo bem, tudo bem eu confesso: identifiquei-me com Florentino Ariza, e sua obstinação por seu amor Fermina Daza.

Tudo!

Suas serenatas frustradas, suas inúmeras cartas enamoradas, o amor não retribuído, as dores da indiferença, a paixão secreta trancada a sete chaves em seu peito, seu coração fechado e destinado a um único amor, sem se importar com o tempo e com os olhares atravessados da sociedade hipócrita.

Aliás, haverá algo mais provocativo que perceber que o mais belo está em nossa alma?

Ao final do livro, meu coração mirou uma luz no fim do túnel. Pois percebi que o amor simplesmente existe. Multiplica-se, surge, recria, se renova.

Percebi que o amor sempre será o amor. Assim. Simples. Sonhado. Seja nesses dias loucos em que vivemos, onde se confunde sexo com algo tão sublime, ou o amor nos tempos do cólera.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Da Arte do conhecimento: nossa medíocre e deficiente formação intelectual acadêmica

Em Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley nos mostra uma sociedade totalitária, onde o ser humano é condicionado conforme o bel-prazer de uma casta que domina politicamente os demais.

Na obra, podemos ver um farto material sobre a formação intelectual de um povo, com uma visão literária; tornando-se fonte excelente para o problema que aqui exponho.

Mas antes, urge destacar porventura que a verdadeira razão deste texto se centra no pormenor de que já perdi a conta a todas as bestas a quem fui obrigado a tratar com respeito - por educação, quando estes brutos indivíduos sentiam-se mal por estarem na presença de pessoas com conhecimento, e que podem desmascarar a sua ignorância.

Sim, Yuri, mas e o tal problema? Simples. A indústria de graduados do país está, desde sua origem, longe de cumprir o papel de estimular o conhecimento. A imagem de atraso é tanta que, ineficiente, o tolo terceiro grau deveria ser hoje apenas motivo de piadas.

Um exemplo claro deste Ad Hominem é o fato de que essa casta formação intelectual acadêmica é a mesma que tolera um analfabeto na presidência da república (analfabeto por se orgulhar em ser iletrado), mas repudia quem não tem o curso superior.

Patéticos e inúteis, a grande maioria de nossa classe graduada considera ser o "verdadeiro conhecimento", aquele onde o indivíduo é obrigado a cursar um determinado número de cadeiras e uma determinada grade curricular.

Um pensamento válido, porém inócuo, posto que não se tenha controle sobre o que aprendemos, já que a educação é algo pessoal, estimulada não só pelos fatores externos, mas filtrada pelas aptidões.

Aqui, existe um culto imbecil ao canudo, que estigmatizaria um Euclides da Cunha por ser autodidata e o consideraria inferior por não ter um diploma superior.

Na mesma linha, seria impossível um Amador Aguiar surgir hoje em dia e criar um Bradesco. Primeiro porque ele sequer conseguiria uma vaga como contínuo por ter somente o primário completo.

Não sou contra, aviso logo, a instituição do diploma; sou contra, sim, sua veneração, contra a “graduotice”, enfim - contra essa indústria de "universotários".

Não proponho que dispensem o canudo para imporem-se como intelectuais da expressão de Luís Fernando Veríssimo, Millôr Fernandes, Paulo Francis; criados neste país em que se formar em direito ou medicina é mais uma praxe, um clichê.

A verdade é que, ou o país acorda dessa cultura de imbecil-coletivo ou continuará Ad Infinitum, sendo esta pátria de dementes, onde se é mais culto quem lê Seleções.