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quinta-feira, 29 de setembro de 2005

A minha alma pelo conhecimento

A idéia de que o poder e a riqueza em excesso escravizam, tornam o ambicioso um solitário, está nas origens da existência humana, tanto quanto o conceito de matéria e espírito como incompatíveis e opostos. Ante isso, penso que será interessante trazer a idéia da obra que é símbolo da insatisfação e da inconstância humana.

Falo de “Fausto” de J.W. von Goethe. Quanto tomei a leitura de "Fausto", através da obra de Goethe, meu espírito idealista identificou-se com o espírito pré-romântico da visão goethiana. Fausto é o próprio espelho da humanidade inteira.

A obra nos toca por que fala da gente. Há uma relação bastante estreita entre as ambições de Fausto e as nossas. Mesmo que muitos digam que não, todos querem sempre através das mais diversas habilidades sublimar-se à mera condição humana.

A condição de sermos finitos e imperfeitos não nos satisfaz, então tentamos superá-la, imitando o ato divino ao representar ou recriar o mundo e nossa existência. Nem que para isso tenhamos que, como Fausto, negociar a alma.

Fascinante e envolvente, a obra mostra de maneira genial o quanto é do homem querer superar seus limites. A busca pela juventude, poder, sabedoria, as relações entre o humano e o divino.

A conquista de tudo isso através do pacto com o demônio. Mefistófeles, o diabo na obra, simboliza o mistério da existência, a lucidez, a revelação que conduz à sabedoria, um desejo quimérico de eternidade, ainda que o preço a pagar seja o da própria danação. Para mim, como todos nós, Fausto é entediado de si mesmo.

Cansado de sua existência, Fausto negocia sua alma mediante a obtenção de um estado de plenitude e satisfação perene.

Fausto representa o homem na sua incessante, angustiada e inatingível busca pelo conhecimento universal e absoluto que a todo o momento nos lembra e nos humilha perante as maravilhas do Universo, mas também sugere em nós a possibilidade de atingí-los ou desvendá-los. Pois, a danação humana não se restringe apenas num castigo superior por infringirmos regras morais, religiosas ou divinas, mas sim, pela conseqüência do livre-arbítrio.

A angustia de Fausto é também nossa angustia, pois ao tentarmos explicar tudo pelos meios que temos, tais como ciência e razão, perdemos o contato com o divino. E por nunca se achar resposta, passa-se a não acreditar mais que se possa realmente entender e, adquirindo esse pensamento, vive-se para o prazer, o poder, o dinheiro.

A grandiosidade dessa obra é fascinante, visualizo nela, o quanto o homem vivencia essa insatisfação consigo mesmo que o faz buscar um sentido, um valor, tornando-se capaz das maiores atrocidades com o próximo e consigo mesmo, negociando o único objeto apreciável para esse tipo de negociação: a alma.

5 comentários:

  1. Muito interessante essa relação que tu fizeste entre os anseios deste, que é considerado um dos maiores escritores da literatura alemã, e os nossos, na medida em que estamos sempre insatisfeitos querendo superar nossos limites, buscando sempre mais e mais.Confesso que me interessei em conhecer mais sobre Goethe e suas obras. Parabéns pela iniciativa, o tema é ótimo e a forma como foi abordado foi brilhante.

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  2. Essa obra de Goethe é, realmente, muito rica. Tantos que muitos compositores se inspiraram nela para fazer obras maravilhosas. Uma delas é a obra de Arrigo Boito que compôs uma obra prima chamada Mephistófeles, ópera em prólogo de 4 atos. Todas as inquietações, todas as reflexões, tudo aquilo que você descreve sobre Fausto e sobre o ser humano em geral, é ricamente interpretado por Arrigo Boito em Mephistófeles. As sensações e interpretações do compositor são conceitos abstratos, como céu e inferno, o coro dos anjos, são de uma riqueza musical que vale a pena conferir.
    Acesse:
    http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&sql=43:28774

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  3. foi brilahnte a forma
    pelo qual vc se expressor.
    de forma clara e ampla.
    bem interessante entre o bem e mal
    o ceu e inferno.
    pelo egoismo de querer sempre mais e mais.

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  4. Hummm... Da onde é que tu plagiou essas palavras complicadas, que eu não sei o significado, que não fazem parte do nosso cotidiano...? Tu deve ter copiado de algum livro, aqueles que só os muito nerds lêem, né???
    Huahuahua... Tô brincando, tio, tu é inteligente mesmo, eu sei, isso é muuuuuito interassante...

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