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domingo, 30 de março de 2008

Transcendendo os limites da compreensão humana: Frida Kahlo

Como alguém pôde suportar tantos açoites no corpo e na alma, e transpor tais dores para seus pincéis e telas com uma firmeza invejável?

Falo de Frida Kahlo, que, movida pelo amor e pela dor, retratava em suas telas a própria vida.

As obras de Frida são a expressão máxima da subjetividade intraduzível e inquantitável. Amor, agonia, tristeza e beleza caótica norteiam os seus traços.

A forma com que Frida soube expressar seus sentimentos, em suas pinturas, é maravilhosa, sensível e feminina. Sim, uma bela e muito forte alma feminina: linda e sensual.

Frida sofreu ao longo de toda sua vida, com dores do corpo e da alma; conseguindo transformar esse sofrimento em arte. Uma arte impactante e por vezes chocante, que luta contra tudo e todos ao mesmo tempo, e ainda assim pede carinho e atenção.

O primeiro contato que tive com a pintura de Frida, nem lembro quando, foi através de um cartão postal com a pintura de uma mulher chorando placidamente, e a sua coluna vertebral aos pedaços.

Nesta obra, Frida demonstra uma dor inquietante, através de pequenos alfinetes em sua pele; onde, no meio de seu corpo, há uma coluna, em estilo grego, quebrada; representando o seu próprio estado físico e emocional.

Fiquei chocado. Sua obra me passou um misto de dor e medo. Uma mistura de reações tomou o meu corpo: repulsa, espanto, náusea, enlevo, horror, e admiração; a ponto de eu ficar pensando nela por dias e dias.

Essa obra me causou certas sensações devido ao sofrimento tão evidente, e a sua tristeza tão elevada. Hoje creio que, na época, o que me perturbou foi o fato de Frida encarar e retratar suas dores e seus amores com tanta coragem - e de uma forma tão explícita.

Sua capacidade de transformar tanto sofrimento em arte é impressionante. Principalmente na explosão de cores em que se traduziu esse sofrimento. Frida transcendia os limites da compreensão humana.

Frida Kahlo é uma dessas pessoas cuja grandeza nos mostra o quanto o ser humano é capaz de se superar e transformar a vida, transformar o mundo, mudar os conceitos e os pré-conceitos, escrever sua história e não ser vítima, apesar de todos os obstáculos.

Alem de sua imagem com perspectivas corretas e sombreamento, Frida pintava suas angustias e anseios. Como ela mesma nos diz em seu diário: "Estou escrevendo com meus olhos", e é aí justamente que está a sua excelência.

Ela escreveu e pintou a sua vida, não houve separação da pessoa/artista, sua obra é seu espelho.

A vida de Frida Kahlo com certeza foi a sua mais fantástica obra. A pintura foi simplesmente um instrumento.

Profunda, libertária, bela, suprema, dilacerante, passional, mulher: esta é Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón. Apaixonada pelas cores, pelo prazer - e pela dor, por que não? - pela vida.

quarta-feira, 26 de março de 2008

A estupidificada e silente juventude estudantil maranhense

Protesto estudantil
Fisgado pelo texto Estudantes vão "desinfetar" Palácio dos Leões com creolina por causa da visita de Hugo Chávez ao MA, no blog do jornalista Décio Sá, aproveito aqui para manifestar o que penso sobre certas linhas de raciocínio das lideranças e entidades de movimentos de juventude e estudantil do Maranhão:

Nossa atual geração de militantes e dirigentes de movimentos de juventude e estudantis, em especial a de São Luís, transformou-nos numa província sob o império da idiotia.

Opaca e intelectualmente espúria, a juventude estudantil maranhense, palhaça como é, promete usar, como sempre, o famigerado nariz de palhaço, em forma de protesto contra vinda do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao estado do Maranhão.

Claro que não estou fazendo continência à vinda desse destruidor de país - que é o presidente venezuelano - ao estado. Longe disso. Mas acho, no mínimo, despropositado o motivo que levou o movimento estudantil a querer entrar em protesto.

Absorto em sua cegueira mental, o governador Jackson Lago praticará mais uma chanchada contra a educação maranhense, implantando, no Maranhão, o programa ‘Yo si Puedo’, do governo Chávez; e essa casta amoral, que hoje está sob os auspícios do próprio Governo, prefere continuar na volúpia doentia de desonrar os palhaços, coitados; e assistir a esse adultério lamentável de País e Estado.

O ‘Yo si Puedo’ é uma versão cubana do tele-ensino; implantado no governo Roseana Sarney, e apropriado pela Venezuela. Aliás, quem não se lembra do tele-ensino sendo duramente criticado e usado como discurso de campanha, por Jackson Lago?

Creio que nossa juventude estudantil não lembra! Na verdade, ela não sabe é de nada... A verdade é que esse bando de malandros, quando resolve se levantar em protesto, sempre é por razões nada contundentes.

Longe de mim a intenção de sugerir que o ‘movimento revolucionário’ dos estudantes esteja investindo contra moinhos de vento. Porém, a formação de opinião desses movimentos só pode ser chamada de burrice.

Esse é o signo de liberdade do Maranhão: uma classe estudantil estupidificada e silente.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Ultrapassando o campo da delicadeza poética: Florbela Espanca

Fui apresentado à Florbela num momento trágico, e, diante de sua amargura contida, de sua dor tão elegantemente revelada, senti-me de frente a um espelho.

A poesia de Florbela Espanca é de uma beleza sublime; o que me provocou um contentamento dual, pela sua simplicidade na escolha das palavras e pela clareza na transmissão do que lhe era sentido. Carne e alma entraram em regozijo.

Mulher de terrível encanto; seus poemas são extremamente sensíveis, chegando até ao erotismo. Aliás, seu erotismo é de uma espontaneidade e beleza incomparável.

Sinto em seus versos a inquietação de uma alma que não cabe nas limitações do corpo, tampouco nas convenções do mundo. Um corpo que tem sede e desejos que nem ela mesma conseguiu definir ou calcular-lhes a intensidade; que vive num constante delírio por conhecer-se, numa infinita angústia de se ser.

Em explosões de melancolia, os poemas de Florbela suscitam uma propensão para a angústia existencial.

Infelizmente, há um pensamento despótico, sectário e dogmático que se perpetua, que é a teima em rotular a poesia de Florbela Espanca como ‘imoral’. O que acho totalmente errado!

O pai tem uma filha que só perfilha depois de morta, por imposição de seus amantes literários, e a imoral é ela? Francamente...

Como seus poemas, Florbela era intensa. E essa intensidade, mais do que qualquer outro motivo, pode tê-la levado à depressão.

Existe uma versão hipotética de que a causa da melancolia de Florbela era o amor incestuoso pelo irmão; variante a qual não entrarei em detalhes.

Correto é afirma que, em seus poemas, ela descreve a dor que sentia; a agonia; a pressão de um mundo onde ela era avançada para o seu tempo.

O que é de mais admirável em Florbela não está em sua postura diante da sociedade da época. Existiram muitas mulheres como ela naquele tempo - e em outros tempos. O que mais impressiona em Florbela é a qualidade de seus sonetos.

Florbela conflitava em uma busca interior por ela mesma; pela própria essência e de como ela se surpreendia por se achar em si mesma como um ser infinito, complexo e contraditório.

A verdade é que não há nada mais justo do que deixar a própria Florbela falar por si:

“Não tenho nenhum intuito especial ao escrever estas linhas; não viso nenhum objetivo; não tenho em vista nenhum fim. Quando morrer, é possível que alguém, ao ler estes descosidos monólogos, leia o que sente sem o saber dizer, que essa coisa tão rara neste mundo, uma alma, se debruce com um pouco de piedade, um pouco de compreensão, em silencio, sobre o que eu fui ou o que julguei ser.

E realize o que eu não pude: conhecer-me. ”

sábado, 22 de março de 2008

Vai um cordel aí?

Nordestino orgulhoso que sou, admito que me seja extremamente bom ostentar, neste blog, o mundo do encantamento da quimera; da valentia; do matuto; do cangaço; do religioso; e do que não poderia faltar: o gracejo.

E é com esse mesmo pensamento que coloco a minha vida lado a lado com a sua, leitor, em um mesmo cordão: a LITERATURA DE CORDEL.

Poesia de mestria única, a literatura de cordel traz muito da real importância nordestina. Podendo arrebatar aos nossos corações a esperança do retirante; a estreiteza de um agricultor na seca; o singular do ambiente sertanejo; o poeta como representante do povo; ou, e principalmente, a alegria de ser alguém que enxerga nas próprias mãos calejadas a prova do trabalho honesto que, se muitas vezes não sustenta o corpo, sossega a alma.

O povo atribui a literatura de cordel apenas como folheto, visto que a origem de seu nome de dá pelo fato do mesmo ser vendido em folhetos rústicos, presos por pregadores de roupa, e pendurados em barbantes (cordéis).

Porém, essa atribuição é totalmente equivocada. A literatura de cordel não pode ser explicada apenas como uma poesia narrativa impressa; eis que ela é, acima de tudo, jornalismo POPULAR, onde elementos modernos se misturam a tradicionais.

Então, independente de você ser um bom escritor ou não; nordestino ou não; amante de cordéis ou não; você faz parte do povo, logo, essa arte também é sua.

E se de literatura de cordel estamos falando, não poderei eu deixar de recitar, em voz alta e clara, a forma melodiosa e cadenciada que ela é.

Com vocês, “Ai se Sesse”, do poeta Zé da Luz, por Cordel do Fogo Encantando:

"A gente vem lá do sertão de Pernambuco, cidade chamada Arcoverde. O poeta Zé da Luz, do início do século, escreveu uma poesia, porque disseram pra ele que pra falar de amor era necessário um português correto e tal. Aí Zé da Luz escreveu uma poesia chamada "Ai se Sesse", que diz assim:

Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se nós dois se empareasse
Se juntim nós dois vivesse
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse
Se juntim nós dois morresse
Se pro céu nós assubisse mas porém se acontecesse
DeSão Pedro não abrisse a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insintisse
Prá que eu me arressôvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nós dois ficasse
Tarvês que nós dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgi todas fugisse..."

quinta-feira, 20 de março de 2008

Mintam por mim

Mirabolante. Segue o governo trapezista em busca de palmas, palco e um bom espetáculo:

Incomodado com a falta de precisão sobre o andamento das fanfarronices do PAC, um pacote para acelerar o crescimento do espetáculo, o presidente Luis Inácio Lula da Silva deu, ontem, uma bronca em seus assessores.

Lula exigiu explicações e disse que o presidente da República não pode passar por mentiroso. "Eu agora decidi que só vou citar número [quando] vier por escrito pelo ministro e assinado. O que eu quero dizer é: 'segundo o ministro do Transporte, o ministro da Casa Civil e o ministro da Fazenda'. Porque qualquer um pode passar por mentiroso, menos o presidente da República", ressaltou.

Em outras palavras, Lula quis dizer: “companheiros, vocês podem mentir, mas eu, não; mintam por mim”.

Agora eu pergunto: como era antes? Como o presidente tomava as decisões? Essa bronca sobre o PAC é só a ponta de um imenso iceberg de incompetência, imperícia, e imprudência, de todo esse bando da desídia que cerca o supremo apedeuta.

Limitado pelas suas debilidades, Lula está cada dia melhor! Se humildade e modéstia nunca lhe faltaram, dessa vez ele se superou. O mais patético foi ele escancarar geral ao dizer que seus ministros podem mentir.

Lula não pode mentir, porque ‘não saber’ é bem mais fácil, e o povo acredita. Aliás, o presidente tem feito isso com extrema perfeição, pois ele nada sabe sobre as obras de seu super-programa, resumindo-se apenas à tarefa de lançar a ‘pedra fundamental’.

Esses arroubos de autoridade do presidente já são conhecidos, como também é de conhecimento geral seu total desconhecimento de tudo que acontece no Brasil. Diz que a agenda marca inauguração de obras inacabadas, mas ele mesmo já lançou pedra fundamental de obra em terreno que nem sequer tinha sido adquirido pelo Governo.

Como o único trabalho do presidente é inaugurar obra, e sua turma não arranja nada para ele inaugurar, Lula só tende a entrar nesse estado desesperador.

E já que estamos falando sobre o PAC, deixo minhas considerações: esse programa é pura enganação. O governo do PT é tão malandro que lança um super pacote de obras e o batiza de PAC.

Agora, a tudo chamam de PAC: vão inaugurar um banco na praça, é obra do PAC; vão inaugurar uma ponte de madeira, que não liga nada a lugar algum, é obra do PAC. A verdade é que não há uma só obra de médio ou grande porte inaugurada sob esse programa.

E, não, não vale citar projetos pessoais, como as penitenciárias de segurança máxima.

sábado, 15 de março de 2008

O tendencioso e indefensável sistema de cotas

Estudantes em protesto contra o sistema de cotas

Representando a pior forma de racismo existente no Brasil, que é a condescendência, a Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares (Unipalmares) formou sua primeira turma na noite desta quinta-feira, 13, com a presença do presidente Luis Inácio Lula da Silva, o senador José Sarney (PMDB), o ministro Edson Santos (Igualdade Racial) e outros políticos e autoridades.

A Unipalmares, que oferece cursos de Direito e de Administração preferencialmente para alunos negros, é a primeira e única instituição de ensino superior de toda a América Latina que tem 87% de seus alunos afrodescendentes autodeclarados.

A Unipalmares é de iniciativa privada, logo tem o pleno direito de implementar cotas de maneira que bem quiser, apesar de eu achar isso totalmente contraproducente. Mas não estou aqui para falar sobre a Unipalmares, estou aqui para falar sobre a aberração que é o sistema de cotas.

Muito diferente dum certo larápio intelectual, sou contra cotas para negros. A meu ver, esta nivela o negro por baixo. Esse lenga-lenga para existência da cota é um discurso racista, que cheira a pura demagogia.

Vamos aos fatos: se o estudante entrar na universidade sem o auxílio de qualquer maracutaia bolsista, ele é branco; se não conseguir passar no vestibular, vira negro e excluído; então entra o sistema de cotas e dá um empurrãozinho ridículo na tal classe desfavorecida, como se esta não tivesse condição de conquistar seu espaço por esforço próprio.

O Brasil precisa de ensino de qualidade e oportunidades para todos, e não de privilégios baseados na cor da pele. Não compactuo com essa indigência sócio-intelectual, firmada em raciocínios obtusos e toscos.

O Brasil não é racista; ele é concentrador de renda, desde o período escravocrata. Esse país é injusto com os pobres, isso sim. E esse fato independe de cor. Nossa democracia racial se dá em termos de injustiça com os pobres. Aqui, na pobreza, todas as raças se igualam.

Claro que isso não significa que não haja atitudes isoladas de racismo. É fato.

Mas isso não justifica esse atentado de violência contra a educação. O único resultado seguro desse processo será a degradação do nível de qualidade do ensino superior - que, vamos combinar, já não anda mais lá essas coisas.

Se a educação básica pública fosse de boa qualidade, eu seria o primeiro a defender o sistema de cotas. Mas, por outro lado, se a educação pública fosse de boa qualidade, o sistema de cotas não seria necessário, porque os alunos sairiam dele plenamente qualificados para disputar vagas nas melhores universidades.

Mas, diferente de mim, que sou negro, mas tenho vergonha, um bando de incompetentes não entende que dar uma de coitadinho é a pior forma de preconceito. Com o sistema de cotas, fica implícito que negro é inferior e só consegue o mesmo que o outro com ajuda, coitado. Compaixão se tem com animais irracionais, e não com gente, com pessoas. Vergonha maior que dar cotas e esmolas é aceitá-las!

Num rasgo de orgulho, os militantes do movimento negro vêem o sistema de cotas como a devolução de um direito que lhe fora tirado; algo como um uma indenização. E é com esse tipo de mentalidade abrutalhada que a pátria dos dementes vai vivendo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Poesia tem dia?!

Momentos de Poesia

Aqui, no Brasil, hoje, 14 de março, é celebrado o Dia Nacional da Poesia. A data fora escolhida por coincidir com a comemoração do nascimento de nosso grande poeta baiano Castro Alves. Poeta romântico, e não à toa, conhecido como poeta dos escravos, Castro Alves foi autor de explosões de poesia, como “Navio Negreiro” e “Espumas Flutuantes”.

Claro que compactuo da comemoração do nascimento de um dos maiores vultos de nossa poesia romântica, que é o Castro Alves. Porém, não estou de acordo com essa data. Todo dia é dia de poesia. Ela está presente a cada instante. Tudo respira poesia, tudo é inspiração.

Posto isso, deixo pra vocês a belíssima consideração à respeito da data, na escrita de Vânia Moreira Lima:

Dia da Poesia: Todos os dias

Dia 14 foi intitulado "Dia da poesia" e julgamos sempre que por se tratar de uma categoria literária, nos referimos apenas ao poeta, o que naturalmente não é verdade. O dia da Poesia é a data que se comemora a poesia em todos os níveis. Aquela que sai da pena dos grandes ou desconhecidos, reflete a beleza do mar, o canto dos pássaros, os espaços luminosos ou a escuridão lírica, onde os namorados fazem suas juras de amor, nas noites enluaradas em que se canta a paixão e até nos momentos lúgubres em que a alma se obscurece e subjetivamente pede socorro e anseia por ternura.

O dia da Poesia retrata a criatura, com sensações, sorrisos, meiguice, o olhar em contemplação ou o sentimento abstratamente real de quem ama. Por isso é uma data especial, em que não há exclusividade nem influência do sucesso ou fama, mas que penetra na alma universal do mais desconhecido ser humano.

Nele a natureza transcende qualquer idéia descritiva para se alojar na beleza, encantamento, fascínio que domina o universo, em suas potencialidades intrínsecas, no infinito de suas revelações e não se refere à criatura somente, mas ao planeta no sentido mais abrangente.

O dia da poesia se manifesta na criança que nasce sofrendo o oxigênio que o inunda, na simplicidade de alguém emanando eflúvios de bondade espontânea, nas crianças à procura do alimento, nos pais chorando a tristeza de não poderem resguardá-lo, na simplicidade dos gestos, ternura dos olhares, reflexos do sol aquecendo o dia ainda frio, na solicitude dos que estendem a mão universalmente e no beijo, máxima expressão de afeto e de carinho.

Nele a bondade é seu maior atributo, generosidade que chega de mansinho sem que faça ruído, solidariedade que se manifesta no aconchego amigo, vaidade que é capaz de apartar seus próprios interesses e olvidar a presença do ego exigente para se doar em transe na presença do ser humano mais próximo.

A esperança se faz realidade, o dia explode em claridade ofuscante, o horizonte chamuscado de cores e projetados pela sombra amarelada espera passos cada vez mais céleres na busca do sonhos ali abrigados e a estrada amacia os pés que a percorrem, saltitantes e ansiosos.

O dia da Poesia é único e encontra os liames da razão que ordena o minuto de paz, contorna a realidade e absorve o lirismo para que seja divulgado em letras de harmonia a todos que desejam dele se aproximar.

Nele a terra gira impondo química e sentimento enquanto o poeta compõe o que a inspiração sugere radiante em cada momento de suspense ou nos instantes que não se repetirão com a mesma força e realidade. Nele a poesia lidera onipotente e somos instrumentos, expectadores apreciando a força do mundo que naquele momento só poesia infunde.

O dia da Poesia é á conscientização da formosura, vida e alegria, das flores multicores e dos movimentos inconscientes da natureza, dos embalos inesperados, do amor surgindo, da amizade reiterando e das sensações que transmitem a sua origem.

Mas verdadeiramente não há dia específico para a poesia, porque ela existe independente de tempo e hora ou data, constantemente em todas as situações. Dias de poesia são consecutivos, plenos, absorventes e inspiram ao poeta a hora certa de transmiti-los.

Na verdade todos os dias nos levam à poesia de uma maneira ou de outra, por intermédio da natureza, do amor, da generosidade ou do carinho, do olhar de uma criança, do perdão, da compreensão, da saudade e da união de todos os seres humanos.