Em algum ponto do século XX começa a cultura do imediatismo. Nada de investimentos a longo prazo; nada de espera. Queremos isto e aquilo. E queremos agora!
Aliás, talvez não tenha começado aí. Talvez esta cultura esteve sempre presente como parte da nossa natureza caída.
Bom, o certo é que queremos tudo agora. Já!
Vivemos ansiosos; aos pedaços. Não desfrutamos do presente - ansiosos pelo que vai acontecer ou se lamentando pelo que deixou de acontecer.
Na cultura do imediatismo, esquecemos do presente; o imediato quer o que não tem. E quando isso chega, já não basta. Já está se preocupado com o novo.
Um paradoxo bem interessante disto tudo são as compras a prazo. Você compra a prazo para ter o produto naquele momento. Interessante, não?!
E é da cultura do imediatismo que nasce a promiscuidade. Afinal, quem quer investir meses, anos, num relacionamento?
Se não nos satisfaz, trocamos de produto. Simples.
Um parêntese: não endosso casamentos infelizes "para sempre". E não acredito que todo divórcio é errado. Acredito, sim, que é o mal menor em certas situações. Porém deveria ser o último remédio, não o primeiro.
Como cidadãos da cultura imediatista, somos encharcados por ela, envolvidos nela, habituados nela - em suas preferências, decisões, antipatias.
'Compromisso' não é palavra simpática. 'Investimento' só se refere a dinheiro. 'Estudos' tem relação com diplomas e status, não com adquirir conhecimento - posto que conhecimento despenderia tempo.
Onde nos leva isso? Àquilo que o imediatismo traz em seu bojo, o resultado natural da pressa: mediocridade.
Relacionamentos medíocres, arte medíocre, conversas medíocres. Fala-se de doenças, da vida alheia, de 'celebridades', do que se comprou, dos elevadores enguiçados, das filas, da vida alheia de novo.
As conversas com qualidade, os relacionamentos com qualidade - e não só funcionais ou confortáveis - a arte com qualidade, tornam-se artigos de luxo; raros.
Quando aspiramos ir além numa conversa, somos estranhos, esquisitos, malucos, incompreensíveis.
Quando aspiramos ir além num relacionamento, somos complicados, minuciosos, até mesmo chatos.
Quando aspiramos por criar e desfrutar arte superior, ir além do descartável, somos esnobes, excêntricos e ligeiramente desprezíveis.
E o que fazemos? Não nos encaixamos. Resistimos ao molde. E isto nos faz impopulares.
O que me parece trágico em tudo isso é que nem o notamos mais. Imediatistas, desembocamos na mediocridade, acabando insatisfeitos, porém sem o confessarmos.
Talvez, a cultura do imediatismo tenha relação com a tecnologia. Melhor explicando: com o excesso de tudo que temos hoje e que jamais conseguiremos consumir.
Milhões de livros, filmes, discos - muitas vezes gratuítos.
A urgência é apenas em decorrência do excesso. Temos que ler logo, pois há uma fila enorme de livros a nossa espera.
Isto deveria trazer uma paz e não uma guerra interna. Eu por exemplo não leio bons livros, só leio os ótimos. E dentre os ótimos, escolho os que vou mais com a cara.
Há também o fato de que a principal causa dessa eterna insatisfação seja falta de Deus - ou a transcendência desviada, como diria Girard, pois Ele é o permanente nesse turbilhão de coisas passageiras.
Algo está errado. Resta-nos não cedermos. Mas seria possível?
CAed
ResponderExcluirq boxta
ResponderExcluirkkkkkkkknao concordo
ResponderExcluirq bosta
ResponderExcluirmuito ruim
ResponderExcluir私に無駄なことを読ませるのはやめてください!
ResponderExcluirannyeonghaseyo jeoneun bangtan sonyeondan hwanggeum maknae jeon jungkook imnida
ResponderExcluirやめて ください
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