"Ainda não amava e já gostava de amar".
O verso de Agostinho amplia-se em mim; ganhando ressonância enquanto me pergunto: a gente ama?
A gente ama.
Ama com mão estendida - que não seja súplica; ama com a mão cerrada - os dedos avermelham-se na pressão, na entrega não-entrega que é no fundo.
Ama com fogos de artifício; com pudor silencioso. Ama com o olhar - porém a mão se ergue e toca.
Ama com a boca que não acerta o caminho, bobo-trêmula como é. Ama ‘pensadamente’, racionalmente - amar é decisão, disse-me uma amiga - e ama sem se estar pronto; deixou um momentinho de olhar e está ali, dominou-nos.
A gente ama suspirando e aos gritos. Ama de um amor tão quieto, silente, envergonhado, que precisa de outros nomes e não este: amor.
Ama na maior cara-de-pau, audácia; ousadia onde o ato de amar é já atrevimento inquestionável.
A gente ama de um amor que descobre a alegria: nada de lágrimas, só festa. A gente festeja o amor que se sente.
Ôpa! Espera aí!
Não. Não. Amor não se sente. Amor é cabeça, ou corpo, nada de coração. Amor-sentido seria doído demais.
Você resolve. Você faz; ou resolve e faz. Sentir complica; que o sentir é pai da tristeza.
A gente ama.
Ama de um amor sem nome que teima em não se acomodar dentro de uma das gavetas classificatórias. Amor. Porque está ali. Euforia & riso. Destemor. Porque mudamos e o amor que nos preenche muda em nós, faz o que não fazia. A gente muda. O amor não muda. Pode mudar as suas formas, e não ele mesmo.
Ele é e nós passamos por ele. Ele é farol.
Tirando as mirabolantes curvas exegéticas de 1 Cor 13, uma pergunta feita por Cecília se torna o texto mais bonito sobre o amor; ela pergunta: “que é que amo quando te amo?”.
Se eu amo? Não sei o nome disto. Seja então amor.
Ah!!! O amor...
ResponderExcluirConcordo com você, amar é uma decisão, e digo mais, é dedicação, entrega, é olhar através da alma, olhar nos olhos e saber o que há no coração.
Gostei da forma como descreveu o amor: leve, lindo e simples assim...
E ao ler o seu texto senti vontade de gritar:
Se eu amo? Não sei o nome disto. Seja então amor!
Beijo....
Macabeu...só vc mesmo meu migo maravilhoso...fico aki encantada e babando tudo, uma admiração e um carinho indescritível e pq nao dizer amor né?
ResponderExcluirSabe q te gosto muuuuito
bjinhos
como sempre ameiiiiii, cada vez mais surpreendente
acho q só deve ter uma pessoa q te chama assim (Macabeu), portanto nem preciso me identificar
ResponderExcluirrsrsrsrs
bjinhos
=)
Este é um texto que leio e releio inúmeras vezes sem cansar.
ResponderExcluirLindo, simples, delicado, sensível, puro, apaixonante...
Tô até sem palavras.
Seja então amor.
Ah Yuri. Ler-te inebria-me.
ResponderExcluirSó mesmo os apaixonados acreditam que o amor não tenha razões. Suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele que disse que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos. “Não precisa ser amante, e nem saber sê-lo.”, Drummond concorda conosco.
Amamos, Yuri. Incondicionalmente. O amor começa por uma metáfora.
Teus escritos são flechas dos cupidos que nos arrebatam e nos fazem cada vez mais amantes dos seus textos, da sua sensibilidade e do que há de mais belo.
Amor: "Amai uns aos outros como eu vos amei." É preciso de algo mais?
Parabéns, caro Amigo. Como o Amor, você é dado de graça, é preciso e essencial.