Nordestino orgulhoso que sou, admito que me seja extremamente bom ostentar, neste blog, o mundo do encantamento da quimera; da valentia; do matuto; do cangaço; do religioso; e do que não poderia faltar: o gracejo.
E é com esse mesmo pensamento que coloco a minha vida lado a lado com a sua, leitor, em um mesmo cordão: a LITERATURA DE CORDEL.
Poesia de mestria única, a literatura de cordel traz muito da real importância nordestina. Podendo arrebatar aos nossos corações a esperança do retirante; a estreiteza de um agricultor na seca; o singular do ambiente sertanejo; o poeta como representante do povo; ou, e principalmente, a alegria de ser alguém que enxerga nas próprias mãos calejadas a prova do trabalho honesto que, se muitas vezes não sustenta o corpo, sossega a alma.
O povo atribui a literatura de cordel apenas como folheto, visto que a origem de seu nome de dá pelo fato do mesmo ser vendido em folhetos rústicos, presos por pregadores de roupa, e pendurados em barbantes (cordéis).
Porém, essa atribuição é totalmente equivocada. A literatura de cordel não pode ser explicada apenas como uma poesia narrativa impressa; eis que ela é, acima de tudo, jornalismo POPULAR, onde elementos modernos se misturam a tradicionais.
Então, independente de você ser um bom escritor ou não; nordestino ou não; amante de cordéis ou não; você faz parte do povo, logo, essa arte também é sua.
E se de literatura de cordel estamos falando, não poderei eu deixar de recitar, em voz alta e clara, a forma melodiosa e cadenciada que ela é.
Com vocês, “Ai se Sesse”, do poeta Zé da Luz, por Cordel do Fogo Encantando:
"A gente vem lá do sertão de Pernambuco, cidade chamada Arcoverde. O poeta Zé da Luz, do início do século, escreveu uma poesia, porque disseram pra ele que pra falar de amor era necessário um português correto e tal. Aí Zé da Luz escreveu uma poesia chamada "Ai se Sesse", que diz assim:
Se um dia nós se gostasse
Se um dia nós se queresse
Se nós dois se empareasse
Se juntim nós dois vivesse
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse
Se juntim nós dois morresse
Se pro céu nós assubisse mas porém se acontecesse
DeSão Pedro não abrisse a porta do céu e fosse te dizer qualquer tolice
E se eu me arriminasse
E tu com eu insintisse
Prá que eu me arressôvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nós dois ficasse
Tarvês que nós dois caísse
E o céu furado arriasse e as virgi todas fugisse..."
Li o texto completo, mas um ponto feliz me remeteu às considerações que seguem: jornalismo POPULAR.
ResponderExcluirA literatura de cordel retrata o cotidiano das cidades, por meio da poesia e do humor. Grandes escritores, como Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto, foram influenciados por esta literatura. O povo grita, em meio a arte, a sua realidade, sendo porta-vozes legítimos dela. Eles penduram em cordões suas aflições, suas festas, suas alegrias, sua cultura... Esse modo de exposição é, assim, apenas um artífice artístico.
A dinâmica da perpetuação de lendas e provérbios populares também pode ser ressaltada no cordel.
Outrossim, é admirável a aliança da literatura com a música. Palmas para o cordel, do Cordel do Fogo Encantado! \o/
Amplexos.
Blerrrrg...! Literatura de cordel é um saco! Eu não gosto!
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