De Nietzsche a Gabriel Garcia Marquez, o amor tem sido um assunto que, por mais discutido, ainda permeia de dúvidas os seres humanos.Um assunto esmiuçado até a exaustão, em todas as suas vertentes; desde denominações gregas - philia, Eros, storgé, ágape - até a peculiar frase de Inês Pedrosa: "O amor é coisa séria demais para ficar na mão de amantes", no belíssimo livro merecedor deste post: Fazes-me falta.
Fazes-me falta é daquele tipo de livro que - assim como O Amor nos Tempos do Cólera, covardemente lido - materializa as conversas que eu tive com ela, a história que eu vivi com ela, as discussões que tivemos e a milagrosa identidade.
Livro violentamente belo, cada mísera palavra escrita ali é de uma beleza sem precedentes.
É difícil falar de Fazes-me falta sem ter vontade de chorar. Um livro longe do lugar comum. Denso. De uma verdade doída.
De todos os tipos de amor que conhecemos, Inês Pedrosa divaga a respeito de uma amizade-amor que luta para não cair no esquecimento, para não morrer, para não ser corrompida, para não se tornar mais um amor banal.
É a história de um homem e de uma mulher unidos por um sentimento que está no limiar da amizade, mas, quando ela morre, muitas coisas ainda precisavam ser ditas - e são - através de um diálogo maravilhosamente planejado pela autora.
O livro é lindo!
Cada página tem uma declaração mais apaixonada de um casal que só reconhece que o que sentiam era amor no instante mais inconveniente de todos, quando um deles já se encontra morto.
Fazes-me falta não é um livro que nos faz sentir a ansiedade de chegar ao fim. Não é um livro de soluções ou de resultados. É um livro para se ler. Um livro para se beber sentimentos.
A obra fala de um amor que - mesmo sendo recalcado e escondido no mais profundo que há em nós - em longo prazo, provoca danos irreparáveis.
A história em si, não é das mais sedutoras, mas a forma como esta escrita, num sentido quase poético, envolve-nos e é como se nos sentíssemos abraçados pelas palavras.
Estas são escritas e encaixadas em um contexto maior, e não como um frango sendo aberto e desossado, quebrado em fragmentos, sem um sentido linear.
Uma frase que li numa das suas páginas, intrigou-me profundamente: “... Como consigo matar a tua morte?..."
Ao tratar o amor, Inês Pedrosa nos presenteia com um romance de grande intensidade poética – e humana, mesmo que imortal. Cada palavra exprime da melhor maneira aquilo que sentimos todos os dias.
Palavras cheias de razão. Cheias de verdade. Cheias de honestidade. Onde, no fim fica a decepção: o quê? Já acabou?!
Ao longo das paginas é nos dado a conhecer o sofrimento e a revolta que a doença provoca. O querer morrer e não ter forças para lutar contra isso.
A personagem (que nunca sabemos qual é o seu nome) tem de ir ao passado tentar encontrar em que parte da vida se perdeu de si mesma, em que parte perdeu o amor próprio e acima de tudo vai ter de aprender a amar-se de novo.
Aconselho este livro. É forte. Abana por dentro.
Eu pelo menos me revi em tantas situações descritas e aproveitei para lavar a alma!
Ao mesmo tempo em que todo o texto é angustiante, também é lírico, realista, de uma compreensão incrível dos relacionamentos.
Livro de impecável escrita, envolvimento certeiro. Leia-o ou te fará falta.
Yuri...
ResponderExcluirFazes-me falta, deve realmente ser um lindo livro. Ainda não li, mas este texto me deixou com muita vontade de ler..
Lindo texto..
Abraços!!!